28 de janeiro de 2022
Como as cidades podem ser a solução para a crise climática atual? Como o lugar onde você mora impacta a sua pegada de carbono? Como morar e, consequentemente, se locomover da forma mais sustentável possível?
Colocamos algumas dicas abaixo de ótimos livros e autores que falam sobre cidades e sustentabilidade. Neles, vocês encontrarão informações, anedotas e pesquisas fascinantes que mostram que a cidade caminhável, diversa e compacta pode ser a ferramenta mais importante no combate ao aquecimento global. Boa leitura!
Green Metropolis, de David Owen
Neste notável desafio ao pensamento convencional sobre o ambiente, David Owen argumenta que a comunidade mais verde dos Estados Unidos não é Portland, Oregon, ou Snowmass, Colorado, mas Nova Iorque.
A maioria de nós pensa nas cidades apinhadas de gente como pesadelos ecológicos – como zonas de resíduos de lixo, dióxido de carbono e engarrafamentos.
No entanto, os residentes de centros urbanos compactos, mostra David Owen, consomem individualmente menos petróleo, electricidade e água do que os outros. Vivem em espaços menores, descartam menos lixo e, o mais importante, passam muito menos tempo em automóveis.
Os residentes de Manhattan – o lugar mais densamente povoado da América do Norte – ocupam o primeiro lugar no uso de transporte público e o último na produção per capita de gases do efeito estufa, e consomem gasolina a uma taxa que o país como um todo não iguala desde meados dos anos 1920. Estão também entre as únicas pessoas nos Estados Unidos para quem caminhar ainda é um meio de transporte diário importante.
Estas conquistas não são acidentes. Espalhar as pessoas pelo campo pode fazê-las sentir-se verdes, mas não reduz os danos que causam ao ambiente. Na realidade, aumenta os danos, ao mesmo tempo que torna os problemas que causam mais difíceis de ver e de resolver. Owen afirma que o problema ambiental que enfrentamos, na fase atual do nosso ataque aos recursos não renováveis do mundo, não é como fazer com que as cidades cheias se assemelhem mais às zonas rurais primitivas. O problema é como fazer com que outros lugares assentados sejam mais parecidos com Manhattan, cujos residentes se aproximam mais do que quaisquer outros americanos para atingir objetivos ambientais que todos nós, eventualmente, teremos de enfrentar.
Urbanism in the age of climate change, Peter Calthorpe
“As cidades são verdes” está se tornando um jargão comum. Mas Calthorpe argumenta que uma compreensão mais abrangente do urbanismo em escala regional fornece uma plataforma melhor para lidar com a mudança climática.
Neste novo trabalho pioneiro, ele mostra como este urbanismo de escala regional pode ser combinado com tecnologia verde para alcançar não apenas as reduções necessárias nas emissões de carbono, mas também outras economias críticas e benefícios no estilo de vida.
Em vez de apenas fornecer outra lista de verificação de novas fontes de energia ou alternativas unidimensionais de uso do solo, ele as combina em cenários de crescimento nacional abrangentes para 2050 e documenta seus impactos potenciais. Ao fazer isso, ele demonstra poderosamente que é necessário adotar uma abordagem integrada de transformação do uso do solo, mudanças políticas e tecnologia inovadora para fazer a transição para uma economia de baixo carbono.
Para realizar isto, Calthorpe sintetiza trinta anos de experiência, começando com seu trabalho inovador em design comunitário sustentável nos anos 80, seguindo até sua atual liderança em design orientado ao trânsito, planejamento regional e política de uso da terra. Peter Calthorpe nos mostra o que é possível utilizando exemplos do mundo real de estratégias inovadoras de design e políticas de pensamento inovador que já estão mudando a nossa maneira de viver.
Este trabalho provocativo e envolvente emerge da crença de Calthorpe de que, assim como os últimos cinquenta anos produziram mudanças maciças em nossa cultura, economia e meio ambiente, os próximos cinquenta gerarão mudanças de natureza ainda mais profunda. O livro, enriquecido por seus magníficos gráficos em quatro cores, é um apelo à ação e um roteiro para seguir em frente.
Cidade Caminhável, Jeff Speck
Apenas recentemente no Brasil começamos a entender a importância do espaço público das ruas como elemento-chave de integração social e econômica. E à medida que seu uso se torna mais intenso e que, por extensão, tais espaços se tornam mais disputados, evidenciam-se os problemas de conforto, abuso e saturação associados a eles.
A óbvia constatação de que a rua é o elo entre um indivíduo qualquer que ocupa um lugar qualquer, e outro, em outro lugar, demonstra sua relevância para o estabelecimento de relacionamentos de qualquer natureza.
Em Cidade Caminhável, o urbanista Jeff Speck reúne experiências de grandes e médias cidades norte-americanas para demonstrar que a vitalidade dos centros urbanos está diretamente ligada à assunção do pedestre – o cidadão a pé – como o protagonista essencial da reativação, requalificação, animação e integração dessas áreas.
Em prosa leve e objetiva, Cidade Caminhável estrutura-se sobre a noção de caminhabilidade, que estabelece os parâmetros fundamentais de atração da pessoa pedestre para o centro – utilidade, segurança, conforto e interesse –, criando as condições básicas para a fluidez do transporte público, o florescimento do comércio e a ativação dos equipamentos culturais e de lazer. Enfim, para uma cidade voltada para as pessoas.
O triunfo da cidade, Edward Glaeser
O triunfo da cidade é o resultado do monumental trabalho de pesquisa de Edward Glaeser, um dos maiores especialistas em economia urbana da atualidade e, desde seu lançamento, tem sido considerado o mais completo e atualizado estudo sobre o assunto.
A obra apresenta um amplo panorama das cidades antigas e contemporâneas, de Atenas a Mumbai, do Rio de Janeiro a Londres, revelando como o contato próximo entre as pessoas nas áreas urbanas desperta as melhores características da espécie humana.
Apoiando-se em rigorosas análises econômicas, contraria muitas vezes o senso comum, afirmando que a verticalização e o adensamento são benéficos para o meio ambiente, que a preservação indiscriminada prejudica os mais pobres, ou que há bons motivos para que as pessoas troquem o campo pelas cidades.
O triunfo da cidade é um estudo acadêmico bem argumentado e escrito com objetividade e clareza, indispensável para profissionais e estudantes de economia, urbanismo, arquitetura e ciências sociais, bem como para todos que desejam compreender o mundo contemporâneo, cada vez mais urbano.
A edição da BEĨ conta ainda com uma Apresentação de José Alexandre Scheinkman, que aplica as conclusões de Glaeser ao contexto brasileiro.
Marcos M. Costa